Saudações de Sêneca a Lucílio.
Mantenha-se Forte. Mantenha-se Bem.
[1] A toga pretexta, com borda púrpura, era substituída pela toga viril, inteiramente branca, aos 16 anos, quando o jovem era apresentado à vida pública no fórum, praça em que se faziam discursos políticos e judiciais, além de transações comerciais. A toga pretexta também era usada a senadores e magistrados.
[2] Cássio Quereia: existem relatos que afirmam que o imperador Calígula constantemente o humilhava por suas maneiras supostamente afeminadas. Como vingança, juntamente com seu colega de tribuna Cornélio Sabino, ele conspirou contra o imperador e em janeiro de 41, fez suas vítimas; assassinando também a mulher de Calígula.
[3] O Jardim de Epicuro.
A Carta 4 de Sêneca a Lucílio, intitulada "Sobre os Terrores da Morte", traz um mergulho profundo na condição humana e nossa relação com a morte, uma jornada de autoconhecimento e maturidade emocional. Cada trecho da carta revela aspectos relevantes que se entrelaçam com os princípios do Estoicismo. Este artigo se propõe a explorar e refletir sobre essas passagens, alinhando-as com os ensinamentos estoicos.
"Mantenha-se como você começou, e se apresse a fazer o que é possível, de modo que você possa ter mais prazer de uma mente aperfeiçoada que esteja em paz consigo mesmo."
Sêneca destaca a importância do contínuo autoaperfeiçoamento e a busca pela paz interior. Este é o alicerce do Estoicismo, que nos encoraja a focar no que está sob nosso controle e a cultivar a virtude para alcançar uma mente tranquila.
"Você se lembra, é claro, que alegria você sentiu quando deixou de lado as vestes de infância e vestiu a toga de homem[1], e foi escoltado ao fórum; no entanto, você pode ansiar a uma alegria maior quando você deixar de lado a mente da infância e quando a sabedoria lhe tiver inscrito entre os homens."
A analogia entre a transição da infância para a vida adulta e a transição da ignorância para a sabedoria é poderosa. A busca pela sabedoria e a superação da "infantilidade" mental são vistas como passos cruciais na jornada estoica.
"Os meninos temem coisas sem importância, as crianças temem sombras, nós tememos ambos. Tudo que você precisa fazer é avançar; compreenderá que algumas coisas são menos temíveis, precisamente porque elas nos estimulam com grande medo."
O enfrentamento do medo, especialmente o medo da morte, é um tema recorrente no Estoicismo. Sêneca nos lembra que muitos de nossos temores são infundados ou exagerados, e que através da razão, podemos superar esses medos e viver com coragem.
"A morte chega; seria uma coisa a temer, se pudesse ficar com você. Mas a morte não deve vir, ou então deve vir e passar."
A aceitação serena da morte é um princípio fundamental do Estoicismo. Ao entendermos a morte como uma parte natural da vida e não algo a ser temido, podemos viver com maior propósito e serenidade.
"Nenhum homem pode ter uma vida pacífica que pense demais em alongá-la ou acredite que viver por muitas atribuições é uma grande bênção."
A obsessão com a longevidade pode levar a uma vida de ansiedade e medo. Sêneca nos encoraja a focar na qualidade de vida, vivendo de acordo com a virtude, ao invés de se preocupar com a duração de nossa existência.
"Nenhuma coisa boa torna seu possuidor feliz, a menos que sua mente esteja harmonizada com a possibilidade da perda; nada, contudo, se perde com menos desconforto do que aquilo que, quando perdido, não se dá falta."
O ensinamento estoico de resiliência e aceitação brilha aqui. Ao nos harmonizarmos com a impermanência, cultivamos uma resiliência que nos permite enfrentar as adversidades com equanimidade.
"Nenhum homem jamais foi tão guiado pela fortuna que ela não o ameaçou tão grandemente como ela o havia favorecido anteriormente."
A instabilidade da fortuna é uma lembrança para não basearmos nossa felicidade em circunstâncias externas, mas sim em nosso caráter e virtude interna, que estão sob nosso controle.
"Pobreza colocada em conformidade com a lei da natureza, é grande riqueza.”
A valorização da simplicidade e o reconhecimento de que a verdadeira riqueza reside no contentamento interno, não nas posses materiais, ecoam os princípios estoicos de autossuficiência e contentamento.
A Carta 4 de Sêneca é um convite à introspecção, ao autoaperfeiçoamento e à aceitação corajosa da vida e da morte. Ao refletir sobre essas passagens, encontramos uma rica tapeçaria de insights estoicos que podem guiar nosso caminho em busca de uma vida plena e virtuosa.
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