Saudações de Sêneca a Lucílio.
Mantenha-se Forte. Mantenha-se Bem.
[1] Teofrasto (372 a.C. — 287 a.C.) foi um filósofo da Grécia Antiga, sucessor de Aristóteles na escola peripatética. Aristóteles, em seu testamento, nomeou-o como tutor dos filhos, legando-lhe a biblioteca e os originais dos trabalhos e designando-o como sucessor no Liceu.
[2] Possivelmente Pompônio Segundo, um general e poeta trágico romano que viveu durante o reinado de Tibério, Calígula e Cláudio.
Nesta terceira carta de Sêneca a Lucílio, somos confrontados com uma reflexão profunda sobre o tema da amizade. O filósofo começa destacando um ponto interessante, que serve como ponto de partida para nosso entendimento sobre amizade genuína.
Sêneca inicia a carta mencionando que Lucílio lhe escreveu por meio de um "amigo nosso". Contudo, a peculiaridade surge quando Lucílio, na mesma carta, aconselha Sêneca a não discutir com esse indivíduo todos os assuntos que lhe dizem respeito, insinuando que Lucílio próprio não o faz. Isso leva Sêneca a questionar a verdadeira natureza da amizade.
Aqui, Sêneca nos convida a refletir sobre a dualidade das relações que rotulamos como "amizade". Ele sugere que, se usamos o termo "amigo" de forma superficial, da mesma maneira que chamamos qualquer candidato nas eleições de "senhor honorável" ou cumprimentamos casualmente pessoas com "meu caro senhor," estamos perdendo a profundidade do verdadeiro significado da amizade.
Aqui, o estoicismo nos lembra da importância de usar palavras com precisão, pois a falta de clareza na linguagem pode levar a equívocos e desilusões. Para os estoicos, a clareza de pensamento e linguagem é essencial para uma vida virtuosa.
Sêneca aprofunda a discussão, enfatizando que, na verdadeira amizade, a confiança é fundamental. Ele argumenta que se consideramos alguém um amigo, mas não confiamos nele da mesma forma que confiamos em nós mesmos, estamos enganados.
Aqui, Sêneca nos lembra do princípio estoico de controlar o que está dentro do nosso poder. Na amizade, não podemos controlar completamente o comportamento dos outros, mas podemos controlar a escolha de nossos amigos e a profundidade de nossa confiança neles. A verdadeira amizade, portanto, começa com um julgamento cuidadoso antes de conceder a confiança.
Os estoicos valorizam a capacidade de julgamento antes de formar amizades. Sêneca argumenta que, antes de confiarmos, devemos julgar. Isso é um lembrete de que não devemos nos precipitar em relacionamentos próximos.
Este princípio estoico nos lembra de não tomar decisões precipitadas e de avaliar cuidadosamente as pessoas com as quais nos associamos. Ao fazer isso, estamos alinhados com a busca da virtude, pois a verdadeira amizade nos ajuda a crescer como seres humanos.
Sêneca oferece um conselho valioso: quando a amizade é estabelecida, devemos confiar e compartilhar tudo com nosso amigo. Ele incentiva que falemos com um amigo tão abertamente quanto falamos conosco mesmos. Isso é um lembrete de que, em uma amizade genuína, não devemos ocultar nossos pensamentos, preocupações ou reflexões.
Esse princípio estoico enfatiza a importância da comunicação e da empatia nas relações interpessoais. A verdadeira amizade nos permite ser autênticos e transparentes com os outros, promovendo o crescimento pessoal e a compreensão mútua.
Sêneca também adverte contra dois extremos prejudiciais: aqueles que compartilham indiscriminadamente com qualquer pessoa que ouça e aqueles que têm medo de confiar até mesmo em seus amigos mais íntimos.
O estoicismo nos ensina a encontrar um equilíbrio. Compartilhar tudo indiscriminadamente pode levar a vulnerabilidades desnecessárias, enquanto a desconfiança constante pode prejudicar as relações. O discernimento e o julgamento cuidadoso são as chaves para evitar esses extremos.
Sêneca conclui a carta com uma reflexão sobre a importância de equilibrar a atividade e o repouso em nossas vidas. Ele adverte contra a inquietação constante, que não é diligência, mas apenas uma mente agitada. Por outro lado, ele também critica a ideia de que todo movimento é aborrecimento.
O estoicismo ensina que devemos encontrar um equilíbrio entre a ação e a tranquilidade. Devemos agir quando necessário, mas também encontrar momentos de repouso e reflexão. A natureza nos ensina essa dualidade, com o ciclo diurno e noturno.
A terceira carta de Sêneca a Lucílio oferece valiosas lições sobre a verdadeira amizade, enfatizando a importância do julgamento cuidadoso, da confiança mútua e da comunicação aberta. Além disso, ela nos lembra da necessidade de equilibrar atividade e repouso em nossas vidas, seguindo os princípios estoicos para uma vida virtuosa e significativa.
Nas palavras de Sêneca, "Mantenha-se Forte. Mantenha-se Bem." Estas palavras ecoam o ideal estoico de manter a serenidade, a autenticidade e a virtude, mesmo diante das complexidades da vida.
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